Na
eleições autárquicas que se aproximam, as listas que se apresentam aos orgãos
autárquicos (delas excluo as listas de “independentes” que se apresentam
em algumas freguesias) têm, ou deveriam ter, as suas estratégias e os seus
objectivos clarificados. E, ainda que não os tornem transparentes, quem olhar
com cuidado as mensagens que procuram passar não terá grande dificuldade em
descobrir o que escondido pode pretender-se.
Fazendo
esta reflexão para as quatro listas em presença, parece-me evidente que há
dois tipos de campanhas no terreno. Um que movimenta milhões, que são as
campanha das listas que têm capacidade financeira para fazer passar as
respectivas mensagens, sub-liminarmente que o façam, aquelas que têm
“director de marketing”, “staffs” e essas coisas que custam dinheiro
que só elas têm... embora todos paguemos essas campanhas quase ofensivas de
tanta ostentação; outro tipo de campanhas são as que gastam os tostões que
se consegue mobilizar para fazer propaganda e esclarecimento sobre as
respectivas posições.
O
PSD e o PS, nas suas campanhas de milhões, assentam as estratégias em
palavras-chave. Para o PSD é a palavra-chave da confiança,
para o PS é a palavra-chave da mudança.
Os
intérpretes da estratégia PSD, em particular o seu cabeça de lista à Câmara,
David Catarino, querem convencer os eleitores que o concelho de Ourém
melhorou de forma incomparável por virtude da(s) sua(s) gestão/ões, e
especulam com o facto de o censo nos contar como o 2º concelho do distrito.
Logo... merecem confiança, e repetem a palavra, em cartazes e discursos para
que se venha a associar a sua imagem e nomes
à palavra-conceito. Qual reflexo condicionado.
Os
intérpretes da estratégia PS, em particular o seu cabeça de lista à Câmara,
Paulo Fonseca, querem ganhar os votos de quem está descontente com as
referidas gestões, a população que não sente essas suas apregoadas
benfeitorias, quem foi por elas prejudicado ou não suficientemente
beneficiado (a seu juízo). Logo... apregoam ser eles a mudança, e repetem a
palavra, em cartazes e discursos para que se venha a associar a sua imagem e
nomes à palavra-conceito. Qual reflexo condicionado.
O
CDS/PP e a CDU/PCP, nas suas campanhas de tostões, lá procuram fazer o que
os seus meios lhes permitem.
Os
intérpretes da estratégia CDS/PP, e em particular o seu cabeça de lista à
Câmara, Joaquim Clemente, para além do tema do aeródromo..., pretendem
recuperar espaço político perdido através da demonstração de que o actual
poder local laranja... não merece confiança. E chega, por essa via, à
afirmação de que qualquer mudança, seja ela qual for é preferível à
continuação do poder absoluto nas mãos de quem não merece confiança.
Pelo
nosso lado, e escrevo pelos intérpretes da estratégia do PCP/CDU, e em
particular do cabeça de lista que subscreve estas reflexões, o esforço vai
todo no sentido de que nem uns merecem confiança, nem outros são a mudança
que é necessária e urgente para benefício das populações.
Se
Ourém progrediu, poderia e deveria ter progredido mais, mais consistentemente
e num sentido mais benéfico para as populações. E se o PSD e David Catarino
têm a confiança de alguns extractos da população, isso resulta da rede de
clientelismos que soube ir criando para ser poder e para se firmar no
poder. E os outros, os fora da rede?
E
se a política em Ourém precisa de mudar, e de mudar precisa!, isso não
acontecerá com mera mudança de nomes e estilos que prossigam a mesma política,
com que, aliás, têm sido cúmplices por via de unanimidades no executivo
camarário que o PS e Paulo Fonseca integraram
estes 4 anos, algumas dessas unanimidades absolutamente inexplicáveis.
Mas
não nos ficamos por recusar a confiança que uns para si pedem e pela negação
de que seja mudança mudar de nomes, caras e clientelas como outros reclamam,
mas sim dizer que confiança ganha-se com o trabalho e as obras e
afirmar que há que mudar de política e de políticas.
Também
temos estratégia e objectivos. E temos casos de gestão autárquica de que
nos orgulhamos. Por aqui perto, vejam como se concretiza o poder autárquico
em Chamusca e Constância, por e para exemplo. Comparem!
Sérgio Ribeiro
A
tempo: Por favor, meu
caro João Moura, não venha com essa argumentação refogada ou recauchutada
mil vezes de que “basta-nos olhar para a realidade dos países com regime comunista e
para os seus ditadores, para dizer que não é isso que queremos no nosso
concelho” (último Ourém e o seu Conselho de 31 de Outubro).
Se esse, como parece, é o único argumento que tem contra a CDU, deixa-me com
esperanças de um candidato a sucessor de vereador ainda vir a votar em mim.
É que nem eu nem ninguém quer fazer de Ourém um concelho à imagem das
“repúblicas soviéticas” que até nem já existem. Mas já aproveitaremos
os bons – e alguns excelentes – exemplos das Câmaras CDU do País.